sábado, 26 de fevereiro de 2011

11

Sempre o mesmo jogo, uma e outra vez. Aproximas-te. Afastas-te. Aproximas-te. Afastas-te. Quando irás parar? Será que vais parar? Quando entenderei se me queres ou não? Às vezes julgo que queres mas que tens medo. Outras penso que não queres e tudo não passa de um jogo. Dizes que não queres falar estando ébrio. Mas sóbrio também não falas. Aproximas-te. Afastas-te. Uma e outra vez. Sempre o mesmo jogo.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Conversas #2

Ele beija-a. Vai-se embora sem dizer nada. Vira-se para trás.
- Não percam o próximo episódio, que nós também não!
Vira-se de novo. Continua o caminho para casa.
Duas semanas depois, ela pensa: "E quando será isso?"

domingo, 13 de fevereiro de 2011

10

Nunca antes me aconteceu. Os acontecimentos da minha vida presente davam-me sempre uma pista sobre como se iria desenrolar a vida futura. Conseguia perceber se valia a pena investir nalguma coisa ou se era tempo perdido. Pela primeira vez, não consigo prevêr. Há tanto mistério, tanta neblina à tua volta, tanta confusão que não sei o que esperar de ti.
Pela primeira vez, estou entregue ao destino. Ao desenrolar dos acontecimentos. Espero ansiosamente pela tua próxima palavra. Pode ser que haja alguma pista do que vais fazer a seguir. Engano-me sempre, porque dizes que não tens intenções românticas, e a seguir beijas-me. Dizes que queres ir ver as meninas giras do teu curso, e a seguir abraças-me. Tento perceber-te. Desvendar o mistério que tu és. Não consigo.
Gostava de conseguir explicar a confusão que eu sinto em relação a ti. Gostava de fazer os outros perceber o porquê de eu não saber mesmo se existirá algum futuro ou se simplesmente é isto. Mas como se explica a confusão? Temos que compreender para podermos explicar alguma coisa. Mas se compreendessemos a confusão, ela não existiria.
Só me resta deixar-me levar ao sabor das ondas. Esperar por um sinal coerente vindo de ti. Para saber se luto contra ti, ou se é seguro embarcar contigo.
Queres-me? Não sei. Mas eu quero-te, e julgo que disso já não tens dúvidas.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

9

Ontem colocaram-me a pior questão possível. Perguntaram-me quem escolhia eu entre as minhas duas melhores amigas. Sei que esta expressão é um bocado infantil. Mas é o que elas são. As minhas melhores amigas.
Nem consigo escolher a de que gosto mais. A única coisa que as pode distinguir é o facto de conhecer uma há cinco meses, e a outra há cinco anos.Talvez cinco meses seja pouco tempo, eu sei. Mas ela já faz tanto parte de mim como a minha amiga de cinco anos. Sem desvalorizar nunca, a rapariga que durante estes cinco anos ouviu as frases mais incoerentes e descontextualizadas que poderiam alguma vez sair da minha boca.
Quando me perguntaram: "De quem gostas mais? Se tivesses que escolher uma delas, quem escolhias?" eu simplesmente não consegui responder. Era como se me dividissem o coração e dissessem "escolhes o lado direito ou o esquerdo?". Não posso viver apenas com metade do coração. Não posso escolher apenas uma delas.
Se calhar o meu jeito impulsivo, as minhas exaltações, o meu feitio difícil não me permitem mostrar tantas vezes quanto gostaria o quanto elas são especiais para mim. Se calhar o facto de sempre que estou com uma delas falar da outra, e vice-versa, fá-las pensar que gosto mais da outra do que dela. Mas não é isso que acontece.
Quando me perguntaram de quem gostava mais, fiquei a pensar nisso. Não porque duvidasse de que me era impossível escolher, mas porque pensei que, se calhar, elas duvidavam.
Não quero que elas duvidem, nunca, do quanto eu gosto delas. Não quero que elas pensem que alguma vez as irei abandonar. Eu tenho a tendência a ser muito chata, e elas terão que se habituar à chatinha que eu sou. Porque mesmo quando elas não quiserem que eu as ajude, eu vou estar lá. Porque é quando elas mais vão precisar.
Não me obriguem a escolher, porque ninguém imagina a capacidade que o meu coração tem para gostar. E podem pensar que gosto menos da amiga de há cinco anos porque tive que arranjar espaço para a de há cinco meses. Ao pensarem isso, não se podiam enganar mais. Este coração tem uma capacidade incrível de crescer. Ao viver mais longe da amiga mais antiga, senti uma necessidade maior de estar sempre em contacto com ela, e cada vez gostei mais dela. E a amiga mais recente, conseguiu um lugar tão grande como a outra, sem roubar um único milímetro.
Não quero que elas duvidem nunca do quanto gosto delas, e do quanto eu faria por elas. E não quero que pensem nunca que as vou abandonar pela outra. No dia em que tiver que escolher entre apenas uma delas, vou-me embora. Porque abdicar de uma, pela outra, seria-me tão insuportavel que seria o mesmo que não ter nenhuma do meu lado.
Adoro-as. E não quero que duvidem disso nunca, nem que pensem que gosto menos de uma que da outra só porque estão as duas a partilhar o meu coração. Porque os importantes, os grandes, os verdadeiros amigos, estarão sempre junto a mim. Mesmo que separados por dois continentes e um oceano.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

8

Acho que deixei de acreditar no amor.
Não no amor em geral. Sei que esse existe. Quando olho para os meus avós vejo que ele existe, e que pode ser para sempre.
Acredito em coincidências, acredito em destino, acredito que há coisas que não acontecem por acaso, acredito no poder dos sonhos. Acredito que duas pessoas podem afastar-se por gostarem uma da outra mas não estarem preparadas para recomeçar uma relação.
Mas comigo isso não acontece. Levei demasiadas patadas da vida para conseguir acreditar que vou encontrar o amor. Ele existe, apenas não acontece comigo. De certo modo, deixei de acreditar no amor. Porque deixei de acreditar que ele vá acontecer comigo.
Dizem que sou nova e que ainda tenho muito para viver. Dizem que não posso pensar assim. Dizem que tenho que lutar.
Pois, eu começo a cansar-me. De todas as lutas que tive, nenhuma foi bem sucedida. Uma poderia ter sido, mas por alguma razão não o foi. Há quem culpe a distância, eu culpo a falta de intimidade, respeito e confiança.
Acho que deixei de acreditar no amor. Não está destinado a acontecer-me. Comigo apenas existem as estranhas coincidências. E, por muito estranhas que sejam, nunca passarão de coincidências.